RELEASE –
LANÇAMENTO
O CÉU
NO MEIO DA CARA
Autor: Júlia Portes
Número de páginas: 92
ISBN: 978-65-87079-87-5
Editora: NAU Editora
Formato: 12,5 x 18,5 cm
Acabamento: Brochura
Preço de capa: R$ 45,00
1ª edição, 2022
Peso: 114 g
" Em seu livro de estreia, Júlia Portes nos surpreende com uma prosa frugal e envolvente, capaz de fazer rir e chorar sem virar a página. A narrativa dramática e dinâmica vai descortinando detalhes e segredos das histórias de vida de mulheres unidas pelo laço mais primário da espécie humana: a maternidade. Com humor ácido e irreverência corajosa na abordagem de temas tabu, é um entretenimento garantido enquanto cala sério em sua busca pelo significado das experiências.
Podemos dizer que O Céu no meio da cara é um tipo de Memento mori à brasileira. A partir de uma ética vitalista, trata da ferida aberta da condição humana (ou mais exatamente, da condição das mulheres), numa sociedade em que o arcaico patriarcal e o feminista libertário compartilham a mesma carga genética através das gerações.
“A ideia de ter o céu no meio da cara só pode ser suportada por aquelas que se percebem dispostas não só para as mudanças naturais das estações, mas também para os rompantes inexplicáveis do tempo. A vida, essa coisa triste-linda, além de se orientar pelas transformações esperadas, como o ganho de idade, por exemplo, está cheia de canais em que a programação foi suspensa. São esses episódios que foram cancelados por motivos diversos, que não ganharam o grande público e permaneceram no interior das relações miúdas, que Júlia Portes observa e, assim como Carmelita, narra com mãos fortes que parecem mais velhas do que ela.
Na trama – e aqui a palavra não sugere somente a sucessão de acontecimentos que constituem a ação da obra – acompanhamos duas personagens que insistem em fazer do passado uma espécie de bússola para reprogramar o presente. Na trama, ou seja, na doença enrolada dos fios, na atividade obsessiva de encontrar os nós (por prazer de se ver presa neles) para, em seguida, confiar nos problemas, é que somos apresentadas a um conjunto de memórias que só é possível porque supera o nostálgico lugar da lembrança. Nesse sentido, Laura e Carmelita, neta e avó, amarram mais do que desatam, contam do que já foi para sinalizar, sobretudo, que não há futuro sem recuo. A memória, então, ganha contornos de um contratrabalho: exercício de elaborar listas do que se perdeu, mas não para lamentar. Ao contrário, para localizar o que ainda pode ser perdido no “aqui e agora” que se multiplica.
A morte, essa coisa apavorada-calma, desencadeia nas personagens um falatório que termina por revelar aquilo que fingimos não ver: sua inesgotável potência de vida. A filha Marília, a cidade de Manduim, os palhaços, o mar, corpos e paisagens que são continuamente maquiados para preencher os buracos do que escapa, mas não some. O céu no meio da cara porque os defuntos continuam iluminados. São como estrelas: objetos distantes, mas, ainda assim, brilhantes. Em seu livro de estreia, Júlia Portes escolhe palavras como quem manipula pincéis, colore as páginas à procura do desenho de um rosto: uma imagem conhecida e, ao mesmo tempo, assustadora; como quem, feito Mirinha, sabe que o limite da pele é o mundo.”
Caio Riscado
Professor, pesquisador e performer
SOBRE A AUTORA:
Júlia Portes é atriz e roteirista. Formada em Artes Cênicas, escreveu e atuou nas peças: “É sobre você também” – que lhe rendeu os prêmios de melhor texto e melhor atriz no Festival de Cenas do Rio –, “Felizes mortos” e “Essa coisa que a gente não sabe o que é mas desconfia”. É integrante do núcleo de criação e pesquisa Brecha. Seu trabalho mais recente com o grupo foi a peça-filme “Já não somos doces”, realizada através da Lei de Incentivo Aldir Blanc. Júlia ministra oficinas de criação e escrita e já esteve em mesas de criação de roteiro. Este é seu livro de estreia.
https://naueditora.com.br/
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