quarta-feira, 18 de setembro de 2024

O Banquete

 

Crítica Teatral: O Banquete


 

            A peça "O Banquete" se destaca por sua profundidade política e reflexiva, características que permeiam toda a montagem. Embora a performance dos atores tenha seu valor intrínseco, é inegável que o texto, com suas questões sociais e filosóficas, é o verdadeiro coração dessa obra.      

            As narrativas amplas e as reflexões sobre a sociedade contemporânea são essenciais para manter a essência crítica que Mário de Andrade propõe, evidenciando as contradições e dilemas do ser humano em um contexto em constante transformação.

          Após uma conversa enriquecedora com o elenco, ficou claro que o tom da peça deve ser mantido. Afinal, o teatro é como um organismo vivo: a cada apresentação, a obra se transforma; os atores experimentam novas nuances e interações com o público, criando uma atmosfera única que desafia as expectativas. 

         Um exemplo marcante é a cena em que um menino dança e acena ao público, quebrando a quarta parede e provocando risadas espontâneas. Esses momentos inesperados não apenas geram um alívio cômico, mas também moldam a experiência coletiva da plateia, reforçando a ideia de que o teatro é um diálogo dinâmico entre os artistas e os espectadores.

       Ademais, "O Banquete" foi montado em um contexto de modernismo do início do século XIX, utilizando recursos inovadores como espelhos e iluminação estratégica. Essas escolhas estéticas não apenas enriquecem a visualidade da peça, mas também provocam uma reflexão sobre a própria natureza do teatro. 

       A obra se torna um espaço de experimentação contínua, onde cada falha técnica ou interação inesperada pode levar a novas descobertas artísticas. Essa busca incessante por inovação revela-se fundamental para criar um ambiente onde o imprevisto é celebrado.

      Entretanto, esse contraste entre as expectativas do público e a execução da peça pode ser conflitante, especialmente quando se busca uma representação fiel da obra original. A tensão entre a tradição e a inovação é palpável, exigindo dos atores e diretores uma sensibilidade aguçada para equilibrar esses elementos.

        Por fim, "O Banquete" é uma peça rica em conteúdo e forma. A busca pela excelência nas apresentações é um processo contínuo; cada nova encenação traz à tona camadas adicionais de significado e interpretação. 

         Assim, esperamos ver essa obra florescer em sua plenitude ao longo de sua temporada, convidando todos nós a refletir sobre nossas próprias realidades enquanto nos deliciamos com o poder transformador do teatro.


              Danielle Delaneli , escritora e atriz





 





O Banquete", de Mario de Andrade, com direção de Luiz Fernando Lobo, inaugura o Teatro Vianinha, no Armazém da Utopia.

Sextas, sábados, domingos e segundas | 20h

Abertura da casa 1h antes do início do espetáculo

Classificação Indicativa: 14 anos

Armazém da Utopia

Retirada de ingressos pelo sympla


Disponível agendamento de grupos através da Ciência do Novo Público:

(21) 98909 – 2402, (21) 989092400 ou (21) 99716-3648

O Armazém da Utopia conta com rampas de acesso e banheiro adaptado.

Ministério da Cultura, Fundação Nacional das Artes | Nova Criação - O Banquete - Termo de Fomento - Plataforma + Brasil no 943417/2023